8 de Março - Dia Internacional da mulher
"La mujer en el mundo contemporáneo"
8 de marzo - Día Internacional de la Mujer
"A mulher na contemporaneidade: muitas facetas em sua identidade, mas em sua essência, sempre mulher"
"As mulheres são o maior reservatório inexplorado de talentos do mundo"! (Hillary Clinton)
A mulher contemporânea através dos tempos, tenta definir o seu verdadeiro perfil identitário e alargar o espaço discursivo para as questões que envolvem as desigualdades e diferenças de gênero; porém sua estrutura e sua essência mantém-se fiel ao feminino e a ser "Mulher".
Nesta semana, no dia 08 de março, tivemos a data para homenagear a Mulher e passamos agora à conhecer um pouco a história desse marco. A ideia de uma comemoração anual surgiu depois que o Partido Socialista da América organizou o Dia da Mulher, em 20 de fevereiro de 1909, em Nova York - uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino.
Durante as conferências de mulheres da Internacional Socialista em Copenhague - 1910, foi sugerido, por Clara Zetkin que o Dia da Mulher passasse a ser celebrado todos os anos, sem que, no entanto, fosse definida uma data específica. A partir de 1913, as mulheres russas passaram a celebrar a data com manifestações realizadas no último domingo do mês de fevereiro.
Até que em 08 de março de 1917, ainda na Rússia imperial, organizou-se uma grande passeata de mulheres, em protesto contra o alto custo de vida, o desemprego e a deterioração geral das condições de vida, precipitando a Revolução de 1917 com à manifestação, que se estendeu por dias e a partir dessa data começou a ser comemorado em 08 de março.
Em 1975, o dia 08 de março foi instituído como Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas. Atualmente, a data é comemorada em mais de 100 países como um dia de protesto por direitos. As celebrações da Mulher ocorreram a partir de 1909 em diferentes dias de fevereiro e março, a depender do país.
Por muitos anos houve controvérsias sobre as origens. Associou-se o dia 8 de março à ocorrência de grandes incêndios em fábricas no início do século XX, no qual o mais conhecido foi na fábrica da Triangle Shirtwaist, que ocorreu em 25 de março de 1911, e matou 146 trabalhadores. A acadêmica Eva Blay considera que é " muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imaginário coletivo da luta das mulheres", mas ressalta que o processo de instituição de um Dia Internacional da Mulher já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e europeias desde algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin.
O Dia Internacional da Mulher existe, enquanto data comemorativa, como resultado da luta das mulheres através de muitas manifestações, greves, comitês; e marca um momento de reflexão referente a como nossa sociedade às trata quer no campo do convívio afetivo, familiar e social, e também de movimento de luta por direitos feministas.
Com a virada do século, a construção social da subjetividade feminina foi se ampliando devido à vivências culturais, em ações e experiências diferentes da submissão e passividade feminina historicamente definida nas sociedades paternalistas e até mesmo em sociedades modernas e ocidentais.
Numa perspectiva histórica e antropológica, a Mulher procura a constituição de si mesma, o self e assimila sua construção identitária através de valores, crenças, costumes, a produzir a identidade social afim de ter seu status e seu papel na sociedade.
Mencionamos o conceito de Identidade Social como uma totalidade complexa que envolve a sociedade, economia, política e a cultura, assim como a identidade individual que constitui a subjetividade e, com isso resulta o temporário passível de transformações a qualquer momento, porém sempre acompanhando sua história. Segundo Gibson e Graham (1996, pg. 112):
O passado está sempre presente em nossas vidas e esse se manifesta em si mesmo de modo paradoxal. Nós vemos por meio de eventos, aprendemos processos, estágios de socialização, os quais não podem ser apagados ou modificados. A nossa subjetividade, entretanto, uma estrutura organizada, nunca cessa de mudar.
Ressaltamos que a identidade social da mulher não é unitária, e sim resulta de diferenças provocadas pelas mudanças e desarticulações da vida social. "Sociologicamente é um fenômeno provocado diante do contexto atual onde as identidades sociais sentem necessidade de negociar seus relacionamentos com outros em vários níveis". (Fairclough, 1997, pg 298).
Hoje, na pós- modernidade, a Mídia e a tecnologia são fragmentadoras da identidade. Elas deixam sua marca na nova identidade feminina, pois observamos a liberação e o fortalecimento da mulher mesmo parecendo contraditório. Nas identidades femininas, os nomes desaparecem, surgem os nomes virtuais que dominam a identidade da mulher (artistas, seres da mitologia, heroínas, Madonas, Medusas, entre outras) e nesses espaços internaúticos propiciam a fragmentação e negação da identidade verdadeira da mulher pós-moderna.
Com base em novas redes de poder, a mulher na atualidade, impõe-se na sociedade em diferentes áreas, inclusive na sexualidade, considerada essa como uma construção cultural. Sem dúvida o universo das mulheres, ao longo da história, foi permeado de maneira rigorosa pelo controle social e repressão através de práticas discursivas masculinas com preconceitos e tabus, impactando profundamente o emocional nas relações afetivas no universo feminino.
Destacamos também o papel da família, a grande tarefa nessa construção da identidade feminina; onde citamos Simone de Beauvoir: "Não se nasce uma mulher". A mulher é feita, ela é uma espécie de mundo em construção e mudança. A sua identidade reflete as cores da sociedade contemporânea com suas qualidades, erros, falhas e fragilidades." A herança cultural herdada da família em seu papel constitui uma construção à sua identidade.
À respeito de Educação e Ensino cabe mencionar aspectos sócio antropológicos que condicionaram as sociedades à questão do gênero e os papéis particulares a cada sexo; e superar os estereótipos, como por exemplo a que diz respeito a educação feminina, segundo Rousseau em Cornes (1994), onde delineou o programa de ensino ressaltando que a completa educação das mulheres deve ser relativa aos homens, para agradá-los, para serem úteis à eles... Hoje as mulheres em maior número atingem a educação universitária.
Uma força estruturante nesse processo de mudança da modernidade surgiu, quando as mulheres começaram a ingressar no mercado de trabalho, principalmente nas economias capitalistas; onde levantam problemas para a liderança masculina; devido a ser bem sucedida nas suas atividades profissionais, considerando inclusive a competitividade, uma das características identitárias da mulher.
A identidade feminina na pós-modernidade também deve conferir a responsabilidade e a postura de conservar os próprios valores, a sua imagem psicossocial, suas emoções, seus afetos e o mérito de realizar inúmeras tarefas como Mulher em sua família, em seus relacionamentos e sua integralidade sem perder a sua essência feminina enquanto Mulher.
Ao longo das últimas décadas, a Mulher contemporânea vem acrescentando novas funções ao seu estilo de vida. Segue um breve panorama histórico a respeito das lutas e conquistas das mulheres que ousaram inovar e se libertar:
1792- A mulher começa exigir seu direito de voto na Inglaterra.
1832- Nisia Floresta traduz a obra de Wollstonecraft sob o título de Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens.
1862- As mulheres suecas votam pela primeira vez.
1885- Chiquinha Gonzaga estreia como primeira maestrina brasileira
1893- Mulheres neozelandesas conquistam o direito de voto.
1911- Mulheres ganham o direito de cursar faculdade no Brasil. Uma fábrica têxtil de nova York sofre um incêndio e de 130 operárias morreram carbonizadas.
1917-1918- Em 08 de março, 90 mil operárias participam do protesto "Pão e Paz" na Rússia. Após anos de luta do movimento sufragista as mulheres conquistam direito ao voto na Inglaterra.
1922- Fundada a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), por Bertha Lutz, a principal articuladora feminista do período.
1923- As mulheres japonesas conquistam o direito de participar de academias de artes marciais.
1932- Constituição Federativa brasileira permite pela primeira vez que mulheres votem. Nesse mesmo ano, Maria Lenk seguiu para Los Angeles como a única mulher da delegação olímpica daquele ano.
1934- Eleita a primeira deputada do país, Carlota Pereira Queiroz. No período da segunda guerra, surgiu a imagem da operária Geraldine Hoff simbolizando a luta das mulheres que assumiram postos de trabalhos no lugar dos homens que forma para o conflito. O tema criado foi "Yes, we can do it."
1945- Carta das Nações Unidas reconhece igualdade de direitos entre homem e mulher.
1948- Delegação feminina brasileira segue para as Olimpíadas de Londres com 11 mulheres.
1949- Simone de Beauvoir publica "O Segundo Sexo".
1951- Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprova a igualdade de Remuneração entre homem e mulheres em funções iguais
1960- Criação e Comercialização da pílula anticoncepcional e início da liberação feminina. Maria Esther Andion Bueno é a primeira mulher a vencer os 4 torneios do Gran Slam de tênis.
1974- Isabel Perón torna-se a primeira mulher presidente de uma nação, a Argentina.
1975- Proclamado o Ano Internacional da Mulher e no mesmo ano foi realizada a primeira Conferência Mundial sobre a Mulher na qual foi criado um plano de ação.
1980- Criado o lema: Quem Ama não mata, em meio à criação de centros de auto defesa para coibir a violência contra a mulher.
1985- Criada a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher em São Paulo.
1994- Roseane Sarney é eleita como a primeira governadora de um estado brasileiro, o Maranhão, sendo reeleita 4 anos depois.
2005- Ângela Merkel eleita a nova chanceler alemã, a primeira mulher a ocupar o cargo na história.
2006- Criação da Lei Maria da Penha, primeira a reconhecer e criar mecanismo para combater a violência doméstica.
2010- Dilma Roussef eleita a primeira presidente mulher do Brasil.
2015- Lei do Feminicídio: classifica o assassinato de mulheres por razão da condição do sexo feminino, como crime hediondo. Ainda nesse anoAssembléia Geral das Nações Unidas adotou a Agenda 2030 - Por um Planeta 50-50 em 2030, de Desenvolvimento Sustentável, contando com um plano de ação para promover o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza. A ONU Mulheres lançou a iniciativa Global Por um Planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero. Promover ações como: novas leis e o fortalecimento de direitos conquistados pelas mulheres além de programas para erradicar a violência contra mulheres e meninas.
Cabe destacar nesse relato histórico que no Brasil o movimento feminista se manifesta tardiamente, apesar das primeiras décadas do século XX serem palco de uma breve emergência do movimento caracterizado, principalmente nas greves de 1917, na Semana de Arte Moderna de 1922 e nesse ano também a fundação do Partido Comunista do Brasil. Nesse período tem grande destaque Patrícia Rehder Galvão (escritora, jornalista e militante do Partido Comunista) defendia a participação ativa da mulher na sociedade e na política, foi a primeira brasileira do século XX a ser presa política.
Alguns exemplos de Mulheres que se destacaram na história:
- Joana D'arc (1412 - 1431) Chefe Militar da Guerra dos 100 Anos na França.
- Anita Garibaldi (1821 - 1849) Combatente da Revolução Farroupilha e da Unificação da Itália.
- Bertha Von Suttner (1843 - 1914)A primeira mulher a receber o Prêmio Nobel da Paz.
- Marie Curie (1867 - 1934) Duas vezes vencedora do Prêmio Nobel de Química.
- Maud Stevens Wagner (1877 - 1961) A primeira tatuadora profissional.
- Amelia Earhart (1897 - 1939) A primeira mulher a voar sozinha sobre o Oceano Atlântico.
- Gertrude Ederle (1905 - 2003) A primeira mulher a nadar pelo Canal da Mancha
- Frida Kahlo (1907-1954) Pintora mexicana ícone feminino nas Artes.
- Madre Teresa de Calcutá (1910 - 1997)Fundadora da Congregação das Missionárias da Caridade.
- Rosa Parks (1913 - 2005) Ativista símbolo do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA.
- Sabiha Gökçen (1913 - 2001)A primeira piloto de avião de caça.
- Sofia Ionescu-Ogrezeanu (1920 - 2008) A primeira neurocirurgiã da história.
- Margaret Thatcher (1925 - 2013) A primeira mulher a ocupar o cargo de Primeira-Ministra do Reino Unido.
- Valentina Tereshkova (1937 - ) A primeira mulher a ir ao espaço.
- Kathrine Switzer (1947 - ) A primeira mulher a participar de uma maratona.
- Angela Davis (1944 - ) Professora, filósofa e ativista da causa dos direitos das mulheres negras americanas.
- Maria da Penha (1945 - ) Líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres
- Yoani Sánchez (1975 - ) Jornalista cubana.
- Marielle Franco (1979 - 2018) Socióloga e politica brasileira assassinada, ativista da causa dos direitos humanos, mulheres e LGBTQI+.
- Malala Yousafzai (1997 - ) A pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz.
A importância nos dias atuais em se comemorar o Dia Internacional da Mulher traz consigo todo um histórico aqui retratado de como surgiu a data configurando as lutas e desafios da consolidação da identidade feminina e como se perpetuou através dos tempos e que reproduziu efeitos altamente significativos. Somente pensar em comemoração sem compreender o contexto histórico é muito superficial e fugaz.
A discussão da importância da Mulher na sociedade, suas transformações através de uma trajetória histórica que carregou uma invisibilidade social como um fenômeno sociológico que foi tão acentuado pelos preconceitos e tabus; hoje se dissipa essas nuvens, e em várias nações do mundo as mulheres conquistam seu lugar na história com desbravamento e atuação marcantes. A luta continua!
"No final do dia, podemos suportar muito mais do que pensamos"! (Frida Kahlo)
Trabalhar o empoderamento, posicionamento e empreendedorismo feminino continua sendo essencial no contexto de vulnerabilidade no contexto mundial atual, desde sempre o discurso de pensarmos que somos o sexo frágil faz com que a voz de uma mulher não seja ouvida.
O sonho de mulheres empoderadas é que ainda menina uma mulher já possa conhecer os seus espaços de participação social, tornando possível um repertório de atuação mais expressiva no futuro.
Sugerimos a live: Posicionamento e Empreendedorismo: a Mulher do Século XXI, como um disparador de novas ideias, através de experiências de mulheres comuns, com suas experiências cotidianas.
Segue abaixo o link da Live:
https://www.instagram.com/tv/CMDm86ylsxp/?igshid=ouavfbasaz26
"Mude a sua vida hoje. Não deixe para arriscar no futuro, aja agora, sem atrasos." (Simone de Beauvoir)
Referências Bibliográficas:
Blay, E. A. (2001). 8 de março: conquistas e controvérsias. Revista Estudos Feministas. 9 (2). doi:10.1590/S0104-026X2001000200016
Cornes, S. (1994). Gender-engedered literacy. In: M. Hamilton, M., D. Barton and R. Ivanic (eds.) Worlds of Literacy. Lodge.
Davis, N. Z. (1997). Nas margens: três mulheres do século XVII. Companhia das Letras.
Fairclough, N. (1997). Critical discourse analysis in the 1990s: challenges and responses. ln: Emilia Ribeiro Pedro (org.) Discourse Analysis Proceedings of the 1st Internacional Conference On Discourse Analysis. Edições Colibri.
Gibson, K. y Graham, J. (1996). The end of capitalism as we knew it: a feminist critique of political economy. Instituto Piaget.
Vieira, J. A. (2005). A identidade da mulher na modernidade. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, 21(spe), 207-238. https://doi.org/10.1590/S0102-44502005000300012"
"La Mujer en la contemporaneidad: muchas facetas en su identidad, pero en su esencia, siempre Mujer"
"¡Las mujeres son la mayor reserva de talento sin explorar en el mundo!" (Hillary Clinton)
La mujer contemporánea, a través de los tiempos, intenta definir su verdadero perfil de identidad y ampliar el espacio discursivo de las cuestiones que implican desigualdades y diferencias de género; sin embargo, su estructura y esencia permanece fiel a lo femenino y al ser "Mujer".
Esta semana, el 8 de marzo, tuvimos la data para honrar a la Mujer y ahora estamos conociendo un poco de la historia de este hito. La idea de una celebración anual surgió después de que el Partido Socialista de América organizara el Día de la Mujer el 20 de febrero de 1909 en Nueva York, un día de manifestación por la igualdad de derechos civiles y por el sufragio femenino.
Durante las conferencias de mujeres de la Internacional Socialista en Copenhague - 1910, fue sugerido por Clara Zetkin que el Día de la Mujer comenzara a celebrarse cada año, sin definir, sin embargo, una fecha específica. A partir de 1913, las mujeres rusas comenzaron a celebrar la fecha con manifestaciones el último domingo de febrero. Hasta el 8 de marzo de 1917, todavía en la Rusia imperial, se organizó una gran marcha de mujeres en protesta por el alto coste de la vida, el desempleo y el deterioro general de las condiciones de vida, precipitando la Revolución de 1917 con la manifestación, que duró días y a partir de esa fecha comenzó a celebrarse el 8 de marzo.
En 1975, las Naciones Unidas establecieron el 8 de marzo como Día Internacional de la Mujer. Hoy, la fecha se celebra en más de 100 países como día de protesta por los derechos. Las celebraciones de las mujeres tienen lugar desde 1909 en diferentes días de febrero y marzo, según el país. Durante muchos años hubo controversia sobre el origen de la data.
El 8 de marzo se asoció a la ocurrencia de grandes incendios en fábricas a principios del siglo XX, en los que el más conocido fue el de la fábrica Triangle Shirtwaist, ocurrido el 25 de marzo de 1911, en el que murieron 146 trabajadores. La académica Eva Blay considera que es "muy probable que el sacrificio de las obreras del Triángulo se haya incorporado al imaginario colectivo de la lucha de las mujeres", pero señala que el proceso de instauración de un Día Internacional de la Mujer ya había sido elaborado por los socialistas americanos y europeos desde hacía tiempo y se ratificó con la propuesta de Clara Zetkin.
El Día Internacional de la Mujer existe como fecha conmemorativa como resultado de la lucha de las mujeres a través de muchas manifestaciones, huelgas, comités, y marca un momento de reflexión sobre cómo nuestra sociedad trata a las mujeres ya sea en el ámbito de la convivencia afectiva, familiar y social, y también un movimiento de lucha por los derechos feministas.
Con el cambio de siglo, la construcción social de la subjetividad femenina se fue ampliando debido a las experiencias culturales, en acciones y vivencias diferentes a la sumisión y pasividad femenina históricamente definida en las sociedades paternalistas e incluso en las modernas y occidentales.
En una perspectiva histórica y antropológica, la Mujer busca la constitución de sí misma, el Self y asimila su construcción de identidad a través de valores, creencias, costumbres, para producir la identidad social con el fin de tener su estatus y su papel en la sociedad.
Mencionamos el concepto de Identidad Social como una totalidad compleja que involucra a la sociedad, la economía, la política y la cultura, así como la identidad individual que constituye la subjetividad y, con ello resulta lo temporal susceptible de transformaciones en cualquier momento, pero siempre acompañando su historia. Según Gibson y Graham (1996, pg. 112):
El pasado siempre está presente en nuestras vidas y esto se manifiesta de forma paradójica. Vemos a través de los acontecimientos, aprendemos procesos, etapas de socialización, que no se pueden borrar ni modificar, pero nuestra subjetividad, una estructura organizada, nunca deja de cambiar.
Destacamos que la identidad social de las mujeres no es unitaria, sino que resulta de las diferencias causadas por los cambios y desarticulaciones de la vida social. "Sociológicamente es un fenómeno provocado ante el contexto actual en el que las identidades sociales sienten la necesidad de negociar sus relaciones con los demás a varios niveles". (Fairclough, 1997, pg 298).
Hoy, en la posmodernidad, los medios de comunicación y la tecnología están fragmentando la identidad. Dejan su huella en la nueva identidad femenina, ya que observamos la liberación y el empoderamiento de las mujeres, aunque parezca contradictorio. En las identidades femeninas, los nombres desaparecen, aparecen nombres virtuales que dominan la identidad de la mujer (artistas, seres mitológicos, heroínas, Madonnas, Medusas, entre otros) y en estos espacios internauticos propician la fragmentación y negación de la verdadera identidad de la mujer posmoderna.
Basándose en las nuevas redes de poder, las mujeres se imponen hoy en la sociedad en diferentes ámbitos, incluido el de la sexualidad, que se considera una construcción cultural. Sin duda, el universo de las mujeres a lo largo de la historia ha estado estrictamente permeado por el control social y la represión a través de prácticas discursivas masculinas con prejuicios y tabúes, impactando profundamente en las relaciones emocionales en el universo femenino.
También destacamos el papel de la familia, la gran tarea en esta construcción de la identidad femenina; donde citamos a Simone de Beauvoir: "No se nace una mujer. La mujer está hecha, es una especie de mundo en construcción y cambio. Su identidad refleja los colores de la sociedad contemporánea con sus cualidades, errores, defectos y fragilidades". El patrimonio cultural heredado de la familia en su papel constituye una construcción para su identidad.
En cuanto a la Educación y la Enseñanza cabe mencionar aspectos antropológicos sociales que condicionaron a las sociedades a la cuestión de género y los roles particulares a cada sexo; y superar los estereotipos, como el relativo a la educación femenina, según Rousseau en Cornes (1994), donde esbozó el programa de enseñanza destacando que la educación completa de la mujer debe ser relativa al hombre, para complacerlo, para serle útil... Hoy las mujeres llegan en mayor número a la educación universitaria.
Una fuerza estructurante en este proceso de cambio de la modernidad surgió, cuando las mujeres comenzaron a entrar en el mercado laboral, especialmente en las economías capitalistas; donde plantean problemas para el liderazgo masculino; debido a que tienen éxito en sus actividades profesionales, considerando incluso la competitividad, una de las características de identidad de las mujeres.
La identidad femenina en la posmodernidad también debe conferir la responsabilidad y la postura de conservar sus propios valores, su imagen psicosocial, sus emociones, sus afectos y el mérito de realizar numerosas tareas como Mujer en su familia, en sus relaciones y en su integridad sin perder su esencia femenina como Mujer.
En las últimas décadas, las mujeres contemporáneas han ido añadiendo nuevas funciones a su estilo de vida. He aquí una breve revisión histórica de las luchas y logros de las mujeres que se atrevieron a innovar y liberarse:
1792- Las mujeres comienzan a exigir su derecho al voto en Inglaterra.
1832- Nisia Floresta traduce la obra de Wollstonecraft bajo el título Derechos de las mujeres e injusticia de los hombres.
1862- Las mujeres suecas votan por primera vez.
1885- Chiquinha Gonzaga debuta como primera directora de orquesta brasileña.
1893- Las mujeres neozelandesas obtienen el derecho al voto.
1911 - Las mujeres obtienen el derecho de asistir a la universidad en Brasil. Una fábrica textil de Nueva York sufre un incendio y 130 trabajadoras mueren quemadas.
1917-1918 - El 8 de marzo, 90.000 trabajadoras participan en la protesta "Pan y Paz" en Rusia. Tras años de lucha del movimiento sufragista, las mujeres consiguen el derecho al voto en Inglaterra.
1922 - La Federación Brasileña para el Progreso de la Mujer (FBPF) es fundada por Bertha Lutz, principal articuladora feminista de la época.
1923- Las mujeres japonesas obtienen el derecho a participar en las academias de artes marciales.
1932- La Constitución Federal brasileña permite el voto de las mujeres por primera vez. Ese mismo año, Maria Lenk acudió a Los Ángeles como única mujer de la delegación olímpica de ese año.
1934- Es elegida la primera mujer diputada del país, Carlota Pereira Queiroz. En el periodo de la segunda guerra, apareció la imagen de la obrera Geraldine Hoff que simbolizaba la lucha de las mujeres que ocupaban los puestos de trabajo en lugar de los hombres que forman para el conflicto. El tema creado fue "Sí, podemos hacerlo".
1945- La Carta de las Naciones Unidas reconoce la igualdad de derechos entre hombres y mujeres.
1948- La delegación femenina brasileña acude a los Juegos Olímpicos de Londres con 11 mujeres.
1949- Simone de Beauvoir publica "El segundo sexo".
1951- La Organización Internacional del Trabajo (OIT) aprueba la igualdad salarial entre hombres y mujeres en trabajos iguales.
1960- Creación y comercialización de la píldora anticonceptiva y comienzo de la liberación de la mujer. María Esther Andión Bueno es la primera mujer que gana los 4 torneos del Gran Slam de tenis.
1974- Isabel Perón se convierte en la primera mujer presidenta de una nación, Argentina.
1975- Se proclama el Año Internacional de la Mujer y ese mismo año se celebra la primera Conferencia Mundial sobre la Mujer en la que se crea un plan de acción.
1980- Creación del lema: Los que aman no matan, en medio de la creación de centros de autodefensa para frenar la violencia contra las mujeres.
1985- Creó la primera Comisaría de Atención Especializada a la Mujer en São Paulo.
1994- Roseane Sarney es elegida como la primera mujer gobernadora de un estado brasileño, Maranhão, siendo reelegida 4 años después.
2005- Angela Merkel es elegida nueva canciller alemana, la primera mujer que ocupa el cargo en la historia.
2006- Creación de la Ley Maria da Penha, la primera en reconocer y crear un mecanismo de lucha contra la violencia doméstica.
2010- Dilma Roussef es elegida la primera mujer presidenta de Brasil.
2015- Ley de Feminicidio: califica de crimen atroz el asesinato de mujeres por razón de su género. También ese año, la Asamblea General de las Naciones Unidas adoptó la Agenda 2030 para el Desarrollo Sostenible - Por un planeta 50-50 en 2030, con un plan de acción para promover el desarrollo sostenible y erradicar la pobreza. ONU Mujeres lanzó la iniciativa mundial Por un planeta 50-50 para 2030: un paso decisivo hacia la igualdad de género. Promover acciones como nuevas leyes y el fortalecimiento de los derechos conquistados por las mujeres, así como programas para erradicar la violencia contra las mujeres y las niñas.
Cabe destacar en este recuento histórico que el movimiento feminista en Brasil se manifestó tardíamente, a pesar de que las primeras décadas del siglo XX fueron el escenario de un breve surgimiento del movimiento, caracterizado principalmente por las huelgas de 1917, la Semana de Arte Moderno de 1922 y la fundación del Partido Comunista de Brasil en ese año. En este período, Patrícia Rehder Galvão (escritora, periodista y militante del Partido Comunista), que defendía la participación activa de las mujeres en la sociedad y en la política, fue la primera mujer brasileña del siglo XX en ser encarcelada.
Algunos ejemplos de mujeres que han destacado en la historia:
- Joana D'arc (1412 - 1431) Líder militar de la Guerra de los 100 Años en Francia.
- Anita Garibaldi (1821 - 1849) Combatiente en la Revolución Farroupilha y en la Unificación de Italia.
- Bertha Von Suttner (1843 - 1914)La primera mujer en recibir el Premio Nobel de la Paz.
- Marie Curie (1867 - 1934) Dos veces ganador del Premio Nobel de Química.
- Maud Stevens Wagner (1877 - 1961) La primera tatuadora profesional.
- Amelia Earhart (1897 - 1939) La primera mujer que voló en solitario sobre el Océano Atlántico.
- Gertrude Ederle (1905 - 2003) La primera mujer en nadar el Canal de la Mancha.
- Frida Kahlo (1907-1954) Pintora mexicana referencia feminino en las Artes.
- Madre Teresa de Calcutá (1910 - 1997)Fundadora de la Congregación de las Misioneras de la Caridad.
- Rosa Parks (1913 - 2005) Símbolo activista del movimiento por los derechos civiles de los negros en Estados Unidos.
- Sabiha Gökçen (1913 - 2001)La primera piloto de combate.
- Sofia Ionescu-Ogrezeanu (1920 - 2008) La primera neurocirujana de la historia.
- Margaret Thatcher (1925 - 2013) La primera mujer Primer Ministro del Reino Unido.
- Valentina Tereshkova (1937 - ) La primera mujer en ir al espacio.
- Kathrine Switzer (1947 - ) La primera mujer en participar en un maratón.
- Angela Davis (1944 - ) Profesora, filósofa y activista de la causa de los derechos de las mujeres negras estadounidenses.
- Maria da Penha (1945 - ) Líder de los movimientos por los derechos de la mujer.
- Yoani Sánchez (1975 - ) Periodista cubana.
- Marielle Franco (1979 - 2018) Socióloga y política brasileña asesinada, activista de los derechos humanos, de las mujeres y del colectivo LGBTQI+.
- Malala Yousafzai (1997 - ) La persona más joven en recibir el Premio Nobel de la Paz.
La importancia que tiene hoy la conmemoración del Día Internacional de la Mujer trae consigo la historia de cómo surgió la data, dando forma a las luchas y desafíos de la consolidación de la identidad femenina y cómo se ha perpetuado en el tiempo y reproducido efectos muy significativos. Pensar sólo en la conmemoración sin entender el contexto histórico es muy superficial y fugaz.
La discusión de la importancia de la Mujer en la sociedad, sus transformaciones a través de una trayectoria histórica que conllevó una invisibilidad social como fenómeno sociológico que fue tan acentuada por prejuicios y tabúes; hoy estas nubes se disipan, y en varias naciones del mundo las mujeres conquistan su lugar en la historia con bravura y actuación notable. La lucha continúa.
"Al final del día, ¡podemos soportar mucho más de lo que pensamos!" (Frida Kahlo)
Trabajar en el empoderamiento, el posicionamiento y el emprendimiento de las mujeres sigue siendo esencial en el marco de la vulnerabilidad en el contexto mundial actual, ya que el discurso de pensar que somos el sexo débil siempre ha hecho que la voz de la mujer no sea escuchada.
El sueño de las mujeres empoderadas es que incluso una niña pueda conocer ya sus espacios de participación social, posibilitando un repertorio de acción más expresivo en el futuro.
Proponemos La Live: Posicionamiento y Emprendimiento: la Mujer del Siglo XXI, como disparador de nuevas ideas, a través de las experiencias de mujeres comunes, con sus vivencias cotidianas.
Enlace disponible a continuación:
https://www.instagram.com/tv/CMDm86ylsxp/?igshid=ouavfbasaz26
"Cambia tu vida hoy. No dejes para el futuro el asumir riesgos, actúa ahora, sin demora". (Simone de Beauvoir)
Referencias bibliográficas:
Blay, E. A. (2001). 8 de marzo: conquistas y controversias. Revista Estudos Feministas. 9 (2). doi:10.1590/S0104-026X2001000200016
Cornes, S. (1994). La alfabetización con perspectiva de género. En: M. Hamilton, M., D. Barton y R. Ivanic (eds.) Mundos de la alfabetización. Lodge.
Davis, N. Z. (1997). En los márgenes: tres mujeres del siglo XVII. Companhia das Letras.
Fairclough, N. (1997). El análisis crítico del discurso en los años 90: retos y respuestas. ln: Emilia Ribeiro Pedro (org.) Discurso de Análisis Actas de la 1ª Conferencia Internacional de Análisis del Discurso. Edições Colibri.
Gibson, K. y Graham, J. (1996). El fin del capitalismo tal y como lo conocíamos: una crítica feminista de la economía política. Instituto Piaget.
Vieira, J. A. (2005). La identidad de las mujeres en la modernidad. DELTA: Documentación de Estudios de Lingüística Teórica y Aplicada, 21(spe), 207-238. https://doi.org/10.1590/S0102-44502005000300012